#3 A vida em movimento: Reflexões de Thoreau sobre caminhar e refletir
- Aline Souza

- 27 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de fev.

Esses dias, fui à academia e, na saída, sentei em um banco para observar o movimento ao redor. Vi um casal descendo as escadas de mãos dadas, prontos para treinar juntos. Logo atrás, dois amigos riam de algo no Instagram enquanto seguiam o mesmo caminho. Senhoras desciam as escadas, algumas cercadas por amigas, outras sozinhas, segurando suas garrafinhas com determinação. Uns chegavam para começar, outros iam embora, cada um no seu ritmo. Pessoas de todas as idades, tamanhos e estilos, acompanhados ou sozinhos. Na saída, rostos satisfeitos, missões cumpridas.

Esse momento me fez lembrar de um livro que li no ano passado, chamado Andar a Pé, de Henry David Thoreau. Não sou exatamente um exemplo fitness, mas sempre amei caminhar. Há algo profundamente libertador em simplesmente colocar os pés no chão e se conectar com o mundo ao redor. Para mim, caminhar vai muito além de um deslocamento físico; é um convite ao pensamento, uma forma de expandir nosso repertório visual e sensorial!
Sentir o vento no rosto, o calor do sol, o som ritmado dos passos no chão, enquanto observo a vida ao redor: um cachorro passeando na calçada, um casal de idosos voltando do mercado, trabalhadores em seus afazeres, e os passarinhos cantarolando ao fundo. Sim, estou poética hoje, rs. 😊
Tem um trecho do livro que me chamou bastante a atenção, em minha humilde opinião, Thoreau capturou isso de maneira brilhante:

"Eis aqui sua biblioteca, mas os estudos, ele os faz na rua. Viver muito ao ar livre, no sol e no vento, não gera, de modo algum, certa aspereza de caráter, mas sim uma cutícula mais espessa que cobre as mais belas qualidades da nossa natureza (...). Talvez fôssemos mais susceptíveis a algumas influências importantes para o nosso desenvolvimento intelectual e moral se o sol nos tivesse queimado menos e menos nos tivesse batido o vento."
No livro, Thoreau explora a arte e o significado de caminhar como uma atividade que vai além do simples deslocamento físico. Ele enxerga o ato de caminhar como uma prática quase espiritual, uma forma de conexão com a natureza, com a liberdade e com a essência do ser humano.
Ele defende que caminhar sem pressa, sem um destino predeterminado, é uma maneira de se libertar das amarras da sociedade moderna e reconectar-se com o mundo natural. Também valoriza o que chama de "andar selvagem", um estado de espírito em que a caminhada permite explorar os arredores e, simultaneamente, mergulhar nos próprios pensamentos.
O livro também reflete as ideias de Thoreau sobre a relação entre homem e natureza, abordando como o contato direto com o mundo natural é essencial para o bem-estar físico, emocional e espiritual. Ele critica a rotina e o estilo de vida sedentário, defendendo que a verdadeira liberdade e criatividade surgem quando nos afastamos do ritmo frenético da vida urbana.

Seja em movimento ou imerso em uma leitura inspiradora, há uma beleza singular em encontrar significado nos pequenos atos da vida. Por isso, deixo aqui minha sugestão de leitura: Andar a Pé. Permita-se o prazer dessa experiência, isso pode ser o empurrão que faltava para trazer ainda mais movimento e reflexão para a sua rotina. 🌿

Aline é especialista em UX Research e criadora do Turistando por aí, uma página que combina dicas de lugares para conhecer com reflexões sobre livros e aprendizados de vida. Apaixonada por comportamento humano, filosofia, tecnologia e inovação, usa suas experiências para inspirar e conectar pessoas por meio do conteúdo.Quer saber mais? me segue @turistandopoorai



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