Dança - Será o Início?
- Fabiana Aguiar

- 6 de mar.
- 5 min de leitura
Dança
Será o Início?
Ah… se eu soubesse que seria assim…
O quê? A vida, a vida com a dança… Faria tudo de novo, mas aceitaria se começasse o processo mais cedo.

Quando fecho os olhos e lembro onde tudo começou me vem nomes como Academia Mário Piriquito e GSSAN de Resende(RJ) e o Professor e Coreógrafo Jefferson de Itatiaia (RJ) tudo por causa da Adriana Rodrigues. Ah! E tem também em meio a essas lembranças o Grupo de Dança Adriana Rodrigues, também em Resende (RJ). Quem é Adriana? Minha tia, a bailarina da família, aquela que antes de mim foi mais longe acompanhando e realizando seus sonhos com a dança e se tornou naturalmente minha inspiração.

Adriana Rodrigues
Bailarina, professora e coreógrafa renomada. Grande influência para a propagação do crescimento do Jazz Dance na cidade a beira do rio Paraíba, Resende RJ.
Fez parte do corpo de ballet do cantor Elymar Santos em meados dos anos 90. Fundadora do Grupo de Jazz Adriana Rodrigues.
Foi dessa forma que me apaixonei pelo swing e o sex appeal do Jazz dance, minha primeira paixão na dança que trago até hoje, suas cores vibrantes no fim dos anos 80, pink era a minha favorita, lembro com saudade de uma calça de lycra com fecho-éclair preto no tornozelo.
Todos acham que a história começa assim, mas acredito que minha vida começou muito anos antes de eu ao menos pensar em existir. Enquanto digito emocionada, tento não chorar e faço pausas para comer meu doce de leite que eu mesma fiz na tentativa de degustar os tempos da infância quando quem fazia era mamãe. Essa quem foi a minha verdadeira mãetrocínio, mãesegurança etc.
Será que os sonhos brotam na gente do nada? Do nada mesmo?
Na dança afro já ouvia sobre uma tal de ancestralidade na dança, mas foi mesmo na faculdade (sou licenciada em dança) que descobri o que isso queria, profundamente dizer.
Em pesquisas me orgulhei em saber que minha avó por parte de pai, Dona Anna Aguiar, gostava de dançar jongo.
Quando a conheci pude vê-la dançando “axé” rs, no alto de seus 80 anos mais ou menos, também sempre escutei mamãe falar sobre sua “veia” artística quando criança, chegava a soltar seus cabelos, segundo ela, enormes, e se punha a dançar e cantar: “...Meus lindos cabelos soltos no ar…” e cobrava por apresentação rs. Papai na juventude junto com amigos promovia bailes trazendo para a comunidade grandes nomes da música em meados dos anos 60 e 70…Isso sem falar no restante da família e na ancestralidade étnica… Então, será mesmo que brota do nada esse tal de sonho?
Uma lembrança muito antiga sou eu e mamãe no banheiro do quarto dela, ela terminando de me vestir de baianinha, roupa feita por ela, para pularmos carnaval no ginásio da cidade de Jandira (SP). O grito de carnaval naquela “festa” foi uma decepção para nós que ansiavámos por festas como as que íamos em Resende (RJ) cidade onde nasci.
A menina que sonhava em ser como a tia no palco se deparou com a frase de uma aluno em meio a um workshop de dança: “Ballet não é pra você. Você combina mais com um “tica, tica, bum”. Hoje, do alto do meu amadurecimento já pensei em não culpa-lo mais por tais palavras, mas pensando bem continuarei culpando sim. Naquela época não tinha a visão da vida que tenho hoje. Eu era apenas uma menina. E o resultado foi apenas um.
Já estava muito díficil pagar a escola, eu fiquei desmotivada me achando e me sentindo como o “patinho feio”, me deixei levar… (Esse patinho feio do ballet só se transformou em um cisne anos depois graças a 3 importantes mestres: Geysa Centeno Ruiz, Elizabeth O. Leite e Diny Espíndola) Foi então que de posse do jornal Dança Brasil (hoje revista) vi algo que me chamou a atenção: WORKSHOP DE DANÇA AFRO.
E aí, será que esse era o tal do “tica, tica, bum” que me falaram?
"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Fonte: planalto.gov.br
E isso levanta uma pauta importante. Você sabia que no Brasil e no mundo ainda existe racismo? (E inúmeros outros atos de preconceito)
Parece loucura essa pergunta, mas existem pessoas que acreditam veemente que não.
Você já se perguntou quais tipos de preconceito você adotou ao longo de sua vida? E como fazer para ser melhor nesse sentido. Ah vamos! Não sejamos hipócritas…Infelizmente todos nós adotamos sim algum, o que importa é entender quais são e trabalhar no sentido oposto para o bem do outro e seu.
Se você sofrer um crime de racismo ou injúria racial sabe como reagir?
Denúncia presencial
Em uma emergência:
Se o crime estiver acontecendo naquele momento, a vítima pode chamar a Polícia Militar por meio do Disque 190.
Além de fazer parar a agressão, a PM pode prender o agressor e levá-lo à delegacia
Se o crime já aconteceu:
Procure a autoridade policial mais próxima e registre a ocorrência
Conte a histórica com o máximo de detalhes
Forneça nomes e contatos das testemunhas
Solicite ao policial para incluir na queixa que deseja que o agressor seja processado
A cartilha do Ministério da Justiça e cartilhas de Ministérios Públicos estaduais destacam que, se o agente policial registrar a denúncia como um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), a vítima pode insistir que o crime não é de menor potencial ofensivo e que deve ser investigado por meio de inquérito.
É possível fazer a queixa em delegacias comuns ou especializadas, como a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), localizada no Centro de São Paulo.
Quando não há apenas uma vítima, ou seja, quando o crime atingir toda a coletividade de pessoas negras ou indígenas, por exemplo, é possível procurar o Ministério Público e fazer uma denúncia.
As situações a seguir podem ser denunciadas:
Propagandas com conteúdo discriminatório
Sites e grupos na internet que fazem apologia ao racismo
Livros e publicações com conteúdos racistas
Ação governamental com conteúdo racista
Denúncia pela internet
Em São Paulo, a vítima pode fazer a denúncia através do site da Secretaria da Justiça e Cidadania ou pessoalmente, por meio da Ouvidoria da secretaria, no endereço Páteo do Colégio, 148, e na Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena, na Rua Antonio de Godoy, 122 - 9º andar.
A denúncia também pode ser feita pelo Portal SP156. Na aba “Serviços Online”, a pessoa deve clicar em “Cidadania e Assistência Social”, e, depois, em “Questões raciais, étnicas e religiosas”.
É possível fazer uma queixa também pelo site da Safernet, que recebe denúncias anônimas sobre crimes e violações aos direitos humanos na internet.
Denúncia pelo telefone
O governo federal tem o Disque Direitos Humanos - Disque 100, em que é possível apresentar denúncias de racismo e discriminação.
Os moradores da cidade de São Paulo também podem apresentar queixas pela Central 156, na qual é preciso falar com um atendente para relatar o ocorrido e, assim, ter as informações registradas e encaminhadas às instituições competentes.
Fonte:Clara Velasco, g1
Racismo é crime, é estrutural e muitas vezes vem disfarçado. Fique de olho. E no mundo da dança isso não é diferente.




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